Desmonte da UTI pediátrica do Correia Picanço põe em risco atendimento a crianças com meningite em PE Profissionais denunciam ameaça de fechamento de unidade referência estadual; Secretaria de Saúde de Pernambuco permanece em silêncio há mais de 24 horas. Saúde Céu Albuquerque 13 de junho de 2025 0 9 4minutos de leitura 1p5h2g

Foto: Divulgação
A unidade de terapia intensiva (UTI) pediátrica do Hospital Correia Picanço, no bairro da Tamarineira, Zona Norte do Recife, está sob ameaça de fechamento, segundo denúncias feitas por profissionais de saúde do próprio hospital. O serviço é referência estadual no tratamento de meningites e outras doenças infectocontagiosas.
A Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco (SES-PE) permanece em silêncio: há mais de 24 horas, o JC tentou vários contatos com o órgão, que não deu resposta até o momento sobre essa grave situação.
Em carta pública direcionada às autoridades estaduais e à direção do hospital, a equipe multiprofissional da unidade manifesta “profunda preocupação com rumores de desmonte ou fechamento do serviço” e alerta para os riscos à saúde pública que a medida pode acarretar.
Realocação e aumento de leitos: solução ou risco calculado? v6a1h
De acordo com depoimentos de profissionais da equipe multiprofissional da UTI pediátrica e pediatria do Hospital Correia Picanço, a proposta do governo seria transferir o grupo para outro hospital, onde o número de leitos seria ampliado de 5 para 10, sob o argumento de enfrentar o aumento de casos respiratórios entre crianças.
Vem a questão: esse plano do governo seria realmente uma solução, ou é uma decisão tomada com base em números e gestão de leitos, sem considerar as vidas em risco e a complexidade do serviço que seria desfeito?
“Dizem que somos uma equipe ‘boa demais’ para atender só cinco leitos. Mas esses cinco leitos existem porque a gravidade dos casos exige uma dedicação extrema. A UTI não foi projetada para quantidade, mas para qualidade e especificidade. Estamos falando de meningite, não de uma gripe comum”, alerta o enfermeiro da UTI do Correia Picanço Victor Cabral.
“Entendemos a questão da sazonalidade (das doenças respiratórias), inclusive a nossa UTI se adaptou e ou a atender também casos de síndrome respiratória aguda grave (srag). Não demos as costas para a situação do Estado. Entretanto, quando o governo propõe fechar a nossa UTI, ele dá as costas para um para um paciente que é grave“, lamenta.